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Precisamos falar sobre reality shows, sociedade do espetáculo e saúde mental

  • Gabriela Assmann
  • 5 de março de 2016

Sou telespectadora assídua de reality shows dos mais variados segmentos – de culinária, aventura, sociabilidade, música. Minha primeira lembrança com o formato vem do ano 2000, quando o programa No Limite estreava na Rede Globo. No ano seguinte, Silvio Santos inovou ao confinar 12 famosos em uma mansão, criando a Casa dos Artistas, programa que detém até hoje, 15 anos depois,  o recorde de audiência da emissora. Em 2002 estreava o Big Brother Brasil, reality mais longevo da televisão brasileira.

O tempo foi passando, eu fui crescendo e percebendo que a brincadeira também era coisa séria. A matéria divulgada esta semana pelo O Globo sobre o número alarmante de suicídios entre ex-participantes de reality show e os acontecidos das duas últimas semanas de Big Brother Brasil, que culminaram com a eliminação de Ana Paula na manhã desta sexta (05) me fizeram perceber a urgência de falar sobre o assunto.

“A visibilidade é uma armadilha”

Foucault, um grande estudioso do fenômeno da visibilidade, quando falava sobre o Panóptico (um modelo de construção utilizada para presídios), poderia muito bem estar falando sobre os reality shows. Ele explica, por exemplo, sobre como o Panóptico poderia ser utilizado para a realização de experiências com seres humanos, modificando inclusive seus comportamentos.

Nos reality shows, não é só a visibilidade que é uma armadilha. Tudo parece cuidadosamente desenhado para levar os participantes aos extremos, numa busca desenfreada pela audiência, não importa a que custo. Além de estarem sendo vigiados o tempo inteiro, inclusive nos momentos nos quais fazem suas necessidades básicas, os participantes são submetidos a verdadeiros experimentos. A escolha do elenco de uma edição é feita observando os mínimos detalhes e procurando encontrar nos participantes características que os coloquem sempre em embate, gerando assim material para a edição e entretenimento para um público sedento por sangue.

Isso, muitas vezes acaba gerando grandes desgastes e culminando em situações como isolamento, tristeza e, em alguns casos, em desistência. Os brothers Dilson (BBB 5), Leonardo Jancu (BBB 9), Kléber BamBam (BBBs 1 e 13), Alan (BBB 16) e Tamires (BBB 15) desistiram da busca pelo prêmio milionário. Esta última, inclusive, ameaçou se matar caso continuasse na casa e acabou desistindo a menos de um mês da grande final. Já Leonardo, desistiu após uma destas experiências sádicas da produção. Ele foi mandado para o “Quarto Branco”, uma espécie de solitária de luxo e relatou após sair do programa que sofreu uma pressão psicológica intensa da produção para que não desistisse. Na época, o programa sofreu inúmeras críticas e o Ministério Público chegou a apurar se o “Quarto Branco” podia ser considerado um instrumento de tortura.

Mas não são somente os casos de desistência que revelam os desgastes à saúde mental dos participantes que um reality show pode acarretar. O caso de Ana Paula (BBB 16), por exemplo, é uma prova disso. A mineira, que era franca favorita ao prêmio da edição, vinha se mostrando triste e com um comportamento muitas vezes excessivo. Uma semana antes de ser expulsa, Ana Paula ameaçou desistir e gritou aos 4 ventos que a produção não estava fornecendo seus remédios tarja preta e que sua saúde mental e física estava prejudicada por conta disso. A gota d’água foi uma festa regada à muito álcool e as provocações insistentes dos colegas de confinamento que não gostavam da mineira e já haviam dito que iriam provocá-la, até o momento em que a mesma se descontrolasse. Foi o que aconteceu na madrugada desta sexta (5), quando Ana Paula acabou desferindo dois tapas em Renan, o que culminou na sua eliminação do jogo.

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É pelo mesmo motivo que a ex-BBB Fani Pacheco, participante de destaque nos BBBs 7 e 13, está processando a Rede Globo. Segundo ela, a produção do Big Brother Brasil parou de fornecer a sua medicação para depressão e ela teve crises durante a 13ª edição do programa, chegando a pensar em suicídio. O fato era perceptível aos telespectadores, que eram acostumados com a Fani alegre do BBB 7.  Após sua eliminação, a sua depressão ficou ainda mais forte, obedecendo o chamado “efeito rebote” que acontece com pessoas que largam os remédios no momento errado. É importante enfatizar aqui, que embora o participante assine um contrato antes de entrar no programa alguns cuidados devem ser respeitados. Se a Rede Globo fornece medicamentos para doenças como pressão alta, porque este descaso com a saúde mental? Seria fruto de um interesse em pessoas desequilibradas que podem aumentar a audiência do programa?

É o que parece ficar claro quando analisamos os dados da pesquisa sobre suicídio entre ex-participantes de reality shows americanos. Um caso que merece ser enfatizado é o de Joseph Cermiglia, participante do Kitchen Nightmare, reality comandado pelo Chef Gordon Ramsay, conhecido pela sua grosseria e falta de educação. Durante a participação de Cermiglia, Ramsay sugeriu que a única solução para o participante era se jogar no Rio Hudson. Como pesquisas mostram, o nosso cérebro não sabe distinguir o que é real do que é imaginário e, 3 anos mais tarde, Cermiglia se jogou de uma ponte, suicidando-se.

Todos estes casos – e inúmeros outros que acontecem em outros reality shows e em outros países não mencionados neste texto – nos provam que é necessário discutir a saúde mental dos participantes de reality shows e a relação entre entretenimento e sadismo. Sabemos que isto parte, também, do público, pois as emissoras respondem a audiência e a faturamento.

É possível fazer um bom reality sem precisar, necessariamente, construir um “zoológico humano”? É possível conduzir um reality show tendo respeito pelos participantes? Até onde vão os limites desta sociedade do espetáculo? Há chances de mudança? Muitos são os questionamentos e poucas são as respostas, que devem vir ao longo dos próximos anos, se o público decidir usar a sua voz e lutar por esta causa. Precisamos não só falar. Precisamos gritar, protestar e, em último caso, boicotar.

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Gabriela Assmann

Comunicadora por natureza e por formação. Apaixonada por reality shows, tem como objetivo de vida assistir todas as 32 (e contando...) temporadas de Survivor. Se apaixonou pelo mundo das séries através de The O.C e Gossip Girl e atualmente assiste How to Get Away With Murder, Scandal, Supergirl, Nashville, The Affair, Transparent e algumas outras. É irremediavelmente apaixonada pelo Netflix e suas produções originais.

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1 comment
  1. Alexandre Okumoto disse:
    5 de março de 2016 às 23:36

    Texto ótimo Gabi, fez muito sentido tudo o que você escreveu. É notável que tanto os diretores quanto grande parte dos telespectadores não se interessam com a saúde mental dos participantes, muitos torcedores anti-Ana a chamam de louca, psicopata e demente sem se preocupar ao menos em entender porque ela estava agindo daquela maneira, simplesmente denominam ela assim, e que se fod*. Muitos torcedores da Ana, inclusive eu, tomou conta que era melhor mesmo ela sair da casa, porque ela parece tão feliz aqui fora e a felicidade e estabilidade mental dela é muito mais importante do que o nosso entretenimento.

    Eu não assisti ainda o episódio da expulsão porque não consegui, me envolvi muito com essa temporada por causa dela e sinto que não será esse capítulo que irá concluir a trajetória dela. Poxa, eu sinceramente não me apeguei aos outros 7 do mesmo jeito, na verdade, não gosto de 4 deles, só me resta os outros 3. Não irei mais assistir pq uma parte sempre estará faltando, mas irei torcer por aqueles que em algum momento simpatizei.

    Obg pelo texto, por citar Foucault, e por se aprofundar um pouco na melancolia da Ana, que é muito vista como loucura e fraqueza quando não analisada de perto.

    Obs- Gabi, você escreveu faixa preta no lugar de tarja preta, isso me lembrou uma piada do BBB9 da Francine Piaia.

    Responder

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